A volatilidade do mercado de criptomoedas voltou a impactar diretamente a fortuna de Donald Trump. De acordo com dados divulgados pela Forbes, o presidente americano viu seu patrimônio encolher em US$ 1,1 bilhão (R$ 5,94 bilhões) desde setembro, reflexo da queda acentuada das ações da Trump Media and Technology Group, empresa de mídia social e criptoativos ligada à sua família.
O patrimônio atual, estimado em US$ 6,2 bilhões (R$ 33,49 bilhões), representa uma queda significativa em relação ao recorde de US$ 7,3 bilhões (R$ 39,44 bilhões) registrado no ano passado. A principal razão foi o desempenho fraco da ação DJT, que chegou a ser negociada por US$ 10,18 (R$ 54,99) na última sexta-feira, 21, um dos níveis mais baixos da empresa desde sua estreia na bolsa.
Mercado cripto em baixa pressiona negócios ligados ao presidente
A desvalorização não é um fenômeno isolado. A queda generalizada do bitcoin e de outros criptoativos nas últimas semanas afetou empresas expostas ao setor, e a TMTG foi uma das mais atingidas. Em janeiro, a ação DJT chegou a valer US$ 43,31 (R$ 233,98), o que mostra a intensa oscilação típica do mercado tecnológico e cripto.
Esse movimento derruba a trajetória positiva que Trump havia construído até setembro. Naquele período, sua fortuna havia crescido US$ 3 bilhões (R$ 16,21 bilhões) em apenas um ano, impulsionada principalmente por investimentos em projetos ligados ao universo digital, especialmente criptomoedas.
Entre esses projetos está a World Liberty Financial, plataforma de finanças descentralizadas cofundada por Trump e seus três filhos. A empresa criou 100 bilhões de tokens WLFI e destinou 22,5 bilhões para a DT Marks DEFI LLC, companhia da qual Trump detém 70 por cento. O token chegou ao mercado negociado por US$ 0,31 (R$ 1,67), mas caiu para US$ 0,158 (R$ 0,85), acompanhando a maré negativa do setor.
O avanço da World Liberty Financial e a queda do WLFI
O WLFI nasceu como a aposta mais ambiciosa da família Trump no universo de criptoativos. Com uma oferta bilionária de tokens e apoio inicial de US$ 75 milhões (R$ 405,16 milhões) do empresário Justin Sun, o projeto estreou com grande expectativa entre investidores. Mesmo assim, o valor do token recuou quase pela metade desde setembro.
Segundo a política interna da empresa, fundadores, membros da equipe e consultores não podem acessar seus tokens imediatamente, o que reduz a chance de que Trump esteja lucrando com o ativo no curto prazo. Esse bloqueio é comum em projetos de finanças descentralizadas como forma de transmitir segurança ao mercado, evitando que grandes detentores despejem moedas e provoquem colapsos de preço.
Resultados financeiros pressionam a TMTG
A TMTG, dona da plataforma Truth Social, também enfrenta desafios operacionais. No terceiro trimestre, a empresa registrou prejuízo de US$ 54,8 milhões (R$ 295,96 milhões) mesmo com uma receita modesta de US$ 973 mil (R$ 5,26 milhões). Além disso, suas participações em bitcoin sofreram perdas de US$ 48 milhões (R$ 259,3 milhões), parcialmente compensadas por ganhos de US$ 33 milhões (R$ 178,3 milhões) relacionados à criptomoeda Cronos.
Os números reforçam a pressão sobre o conglomerado, que tenta se manter competitivo em um mercado de tecnologia e cripto cada vez mais acirrado.
Trump mantém controle sobre negócios mesmo no cargo
Embora tenha declarado que se afastou de seus interesses privados após assumir a presidência, Trump mantém forte ligação com a TMTG. Sua participação de US$ 4 bilhões (R$ 21,6 bilhões) foi transferida para um fundo fiduciário administrado pelo filho Donald Trump Jr., mas arquivamentos regulatórios no Reino Unido confirmam que o presidente mantém controle sobre suas empresas enquanto está no cargo. O fundo detém quase 115 milhões de ações DJT.
A combinação entre quedas no mercado cripto, desempenho fraco da TMTG e retração dos preços de tokens ligados à família explica a perda bilionária registrada pela Forbes. Mesmo com oscilações frequentes, a exposição de Trump ao setor segue alta e deve continuar influenciando a evolução de seu patrimônio nos próximos anos.
