O Ethereum terá de esperar mais algumas semanas para receber seu próximo hard fork. A Fusaka, atualização considerada uma das mais importantes da história da rede, estava programada para novembro, mas agora deve ser ativada em 3 de dezembro de 2025. O adiamento foi confirmado durante a reunião All Core Devs – #165, realizada no último dia 18.
O cronograma da atualização já começa a ganhar forma. Nesta segunda-feira, tem início o code freeze, etapa que congela o código e impede a inclusão de novas funções. A próxima fase será a disponibilização dos clientes de testnet em 25 de setembro, abrindo caminho para a rodada de testes que ocupará o mês seguinte. As simulações serão realizadas na Holesky em 1º de outubro, na Sepolia em 14 de outubro e, por fim, na Hoodi em 28 de outubro. Superadas essas etapas, os desenvolvedores planejam liberar os clientes voltados à mainnet no início de novembro, último passo antes da ativação definitiva em dezembro.
A Fusaka trará mudanças significativas em duas frentes: a camada de consenso, chamada Fulu, e a camada de execução, conhecida como Osaka. No total, serão diversas Propostas de Melhoria de Ethereum (EIPs) integradas ao hard fork, cada uma com impacto em diferentes áreas da rede. Entre elas, a EIP-7951, que promete tornar o uso de carteiras digitais muito mais prático em celulares e dispositivos físicos de armazenamento. A expectativa é que essa inovação facilite o acesso de milhões de pessoas ao ecossistema, aproximando o Ethereum do cotidiano de um público cada vez maior.
Do lado da segurança, entram em cena a EIP-7823 e a EIP-7883, projetadas para endurecer as defesas contra ataques de negação de serviço, bloqueando a entrada de dados maliciosos. Já a EIP-7642 terá impacto direto na manutenção da rede, ao eliminar a necessidade de guardar dados antigos e obsoletos, o que acelera a sincronização e reduz o peso para os nós.
As melhorias de capacidade também se destacam. A EIP-7594 traz o PeerDAS (Peer Data Availability Sampling), mecanismo que permite validar a disponibilidade de dados por meio de amostras menores, sem precisar baixar arquivos inteiros. Essa inovação promete baratear transações em soluções de segunda camada. Em paralelo, a EIP-7825 e a EIP-7935 ajustam limites de transações: reduzem o peso individual, mas aumentam a capacidade dos blocos, elevando o rendimento da rede sem comprometer a segurança.
Outro ponto importante da Fusaka é a ampliação da capacidade dos blobs, recurso apresentado na atualização Dencun, da EIP-4844, em 2024. Os blobs são pacotes temporários e compactos de dados que aliviam o espaço nos blocos principais, reduzindo custos e ampliando a eficiência das Layer 2. A expectativa é que a capacidade dobre em até duas semanas após a ativação do hard fork.
Para garantir que todas essas mudanças sejam aplicadas com segurança, a Ethereum Foundation lançou um programa de auditoria de quatro semanas, oferecendo até US$ 2 milhões em recompensas para pesquisadores que identificarem falhas críticas.
Olhando adiante, os desenvolvedores já preparam terreno para a próxima grande atualização, batizada de Glamsterdam e prevista para 2026. A expectativa é que ela traga a implementação completa do EVM Object Format (EOF) e blocos mais rápidos, consolidando ainda mais a escalabilidade da rede.
Com a chegada da Fusaka, mesmo após o adiamento, o Ethereum se fortalece como uma infraestrutura em constante evolução. Escalabilidade, segurança e acessibilidade se combinam nessa atualização que promete preparar a rede para sustentar o crescimento do ecossistema descentralizado nos próximos anos.