Criptoeconomia brasileira entra em fase de maturidade e profissionalização, aponta pesquisa da ABcripto

Estudo mostra que o setor avança em tecnologia, segurança e governança, mas ainda depende de regulação clara e qualificação técnica para consolidar a próxima fase de crescimento no Brasil.

A criptoeconomia brasileira inicia 2025 mais estruturada do que nunca. É o que indica a pesquisa da ABcripto em parceria com a PwC, que revela um ecossistema em transição para a maturidade. Segundo o estudo, 53% das empresas do setor já operam em fase de consolidação, enquanto outros 40% estão entre o início da operação ou expansão. Esse retrato mostra que o mercado deixou a etapa de testes e passou a incorporar soluções cripto como parte real de seus modelos de negócio.

O levantamento também aponta diversidade de portes. Embora 37% das empresas sejam pequenas, o setor abriga players robustos, já que 27% possuem faturamento superior a R$ 200 milhões.

Domínio técnico cresce e blockchain se solidifica como infraestrutura

O estudo mostra que o setor domina cada vez mais as tecnologias que sustentam a criptoeconomia. No caso do blockchain e das soluções DLT, 83% das empresas já têm domínio alto ou profundo, com projetos implementados ou em desenvolvimento. Apenas 3% não possuem conhecimento sobre a tecnologia.

Os números reforçam o papel central do blockchain. Entre as soluções atuais, 31% das empresas já utilizam blockchain como produto ou infraestrutura, enquanto 28% atuam diretamente com compra e venda de cripto e 24% com soluções vinculadas a criptoativos.

Para os próximos cinco anos, o blockchain também lidera a agenda de investimentos, com 44% das empresas priorizando a tecnologia.

Tokenização avança como vetor estratégico

A tokenização é outro destaque do relatório. Sete em cada dez empresas enxergam tokens como fonte de receita principal, e 73% afirmam ter clareza sobre as oportunidades, como captação, liquidez e inclusão financeira.

O domínio técnico também impressiona. 74% das empresas têm conhecimento alto ou profundo sobre tokenização, mostrando que o tema já se consolidou como prioridade. Os principais benefícios citados são eficiência operacional (70%), diversificação de investimentos (60%), captação de recursos (53%) e facilidade na venda de ativos (53%).

Apesar do otimismo, a tecnologia enfrenta barreiras. 73% apontam a regulação como maior entrave, seguida pela maturidade prática (50%) e pela cibersegurança (40%).

Criptomoedas seguem protagonistas

Mesmo com a expansão da tokenização, as criptomoedas permanecem centrais. Para 97% das empresas, os benefícios das criptomoedas são claros, e 73% têm domínio técnico elevado ou profundo sobre elas.

A visão de futuro também é otimista. 57% acreditam que as criptomoedas se consolidarão em até cinco anos, e 30% projetam amadurecimento mais rápido, dentro de dois anos.

Os riscos seguem no radar. A regulação volta a liderar como preocupação, citada por 90% das empresas, seguida por cibersegurança (48%) e fraude (45%).

Regulação define o ritmo de crescimento

O relatório indica que o grande divisor de águas do setor será a regulação. Consultas públicas recentes do Banco Central dominam o radar das empresas. A de maior impacto é a 110/2024, citada por 77% dos participantes, seguida da 111/2024 (70%) e da 109/2024 (67%).

Apesar das exigências, o mercado enxerga ganhos concretos. Mais de 60% acreditam que um arcabouço claro trará maior solidez, ampliará o ecossistema e tornará o Brasil mais competitivo globalmente.

A adaptação já começou. 40% das empresas afirmam estar em processo avançado de preparação para novas regras, enquanto 23% dizem estar prontas. Áreas mais impactadas incluem compliance, tributário, cibersegurança e auditoria.

Um setor em transição para a fase adulta

O estudo mostra que a criptoeconomia brasileira vive um momento decisivo. Tecnologias antes vistas como experimentais hoje estruturam modelos reais de negócio, ao mesmo tempo em que o setor reconhece desafios de mão de obra, segurança e clareza regulatória.

Com 80% das empresas considerando as criptomoedas a tecnologia de maior impacto e 70% planejando trabalhar com tokenização, a pesquisa revela um ecossistema alinhado às tendências globais, mas consciente de que o avanço sustentável depende de maturidade regulatória e qualificação contínua.

O relatório resume bem o espírito do momento: entre riscos e oportunidades, a criptoeconomia brasileira entra em 2025 mais preparada, mais profissional e mais próxima de se consolidar como parte essencial do sistema financeiro nacional.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Explore notícias por tema: