Ladrão de criptomoedas admite participação em esquema que desviou 4.100 BTC nos EUA

Investigação revela como grupo usou engenharia social, empresas de fachada e carros de luxo para lavar milhões em ativos digitais entre 2023 e 2025.

A Justiça dos Estados Unidos informou na última terça-feira, 18, que Kunal Mehta, de 45 anos, se declarou culpado por integrar uma organização criminosa responsável por um dos maiores esquemas de roubo e lavagem de criptomoedas já registrados no país. O grupo utilizou técnicas de engenharia social, documentos falsos e empresas de fachada para desviar valores bilionários, incluindo 4.100 Bitcoin, obtidos de uma única vítima em 2024.

A confissão encerra uma etapa crucial de uma investigação conduzida pelo FBI e pelo IRS, que acompanha o caso desde 2023. Segundo o Departamento de Justiça, Mehta admitiu ter ajudado a lavar $25 milhões (R$ 133,5 milhões)para o grupo, atuando como intermediário financeiro e responsável por criar uma rede de empresas fictícias usadas para camuflar as transações.

Um esquema que começou no ambiente dos games

Os documentos divulgados pelo governo mostram que a operação teve origem em amizades formadas em plataformas de jogos online. Com o tempo, essas conexões evoluíram para uma estrutura criminosa que reunia jovens de 18 a 20 anos espalhados por vários estados americanos. O grupo incluía hackers especializados em acessar bancos de dados, golpistas que faziam ligações com números falsificados, identificadores de alvos, operadores financeiros e até ladrões de carteiras físicas de criptomoedas.

A base do esquema era simples de explicar, embora sofisticada na execução. Os criminosos enganavam as vítimas pelo telefone ou pela internet, induzindo-as a fornecer códigos de autenticação ou acessos temporários. A partir disso, retiravam criptomoedas diretamente das contas das vítimas, algo que se tornou cada vez mais frequente à medida que o mercado cresceu.

Bitcoin roubado virou festas de luxo, carros esportivos e jatos particulares

As autoridades afirmam que o grupo gastava o dinheiro roubado sem hesitar. Parte dos valores foi usada para pagar noites em casas noturnas que chegavam a custar $500 mil (R$ 2,67 milhões), além de comprar bolsas de luxo, roupas e relógios avaliados entre $100 mil (R$ 534 mil) e $500 mil (R$ 2,67 milhões).

Também houve gastos com mansões alugadas em Los Angeles, Miami e nos Hamptons, além de voos em jatos particulares. Uma parte importante do dinheiro foi destinada à compra de carros esportivos. Para esconder a verdadeira propriedade dos veículos, Mehta registrava Lamborghini, Ferrari, Porsche e Rolls Royce em nome de suas empresas de fachada. Em alguns casos, pessoas eram pagas mais de $10 mil (R$ 53 mil) para assinar documentos como se fossem proprietárias dos automóveis.

Segundo a investigação, Mehta cobrava uma taxa de 10 por cento em todas as operações que envolviam conversão de criptomoedas em dinheiro vivo ou transferências bancárias.

O roubo dos 4.100 Bitcoin que chamou a atenção das autoridades

Um dos episódios mais emblemáticos ocorreu em 18 de agosto de 2024, quando dois integrantes do grupo enganaram um residente de Washington e conseguiram acesso às suas carteiras digitais. O saldo roubado ultrapassava 4.100 Bitcoin, equivalente a $263 milhões (R$ 1,4 bilhão) na época. Com a valorização recente do mercado, esse montante ultrapassaria $384,5 milhões (R$ 2,05 bilhões) hoje.

Esse caso acelerou o trabalho do FBI, que passou a investigar a movimentação incomum de criptomoedas e as conexões entre os envolvidos. As autoridades identificaram que parte dos valores passava pelas empresas de fachada de Mehta antes de ser enviada para outras contas destinadas a “esquentar” o dinheiro.

O alerta das autoridades ao público

Além de anunciar a admissão de culpa, o Departamento de Justiça aproveitou o caso para reforçar um alerta que se tornou cada vez mais comum. Golpistas continuam explorando falhas humanas, especialmente em contatos por telefone ou e-mail, e contam com o fator surpresa para induzir vítimas a fornecer códigos ou informações sigilosas. A recomendação é que usuários nunca compartilhem senhas ou códigos temporários e que sempre busquem canais oficiais de atendimento quando tiverem dúvidas.

O caso segue em andamento, e outros integrantes do grupo devem ser julgados nos próximos meses. As autoridades americanas afirmam que continuarão atuando para identificar e responsabilizar redes de lavagem de dinheiro e roubo de criptomoedas no país.

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