O universo das criptomoedas atravessou uma semana de contrastes. Enquanto o Banco Central do Brasil encerrou a primeira fase do Drex, marcando uma mudança de rumo na política de digitalização do real, operações policiais e medidas internacionais expuseram o outro lado da moeda: o uso de ativos digitais em esquemas de lavagem de dinheiro e crimes cibernéticos.
As manchetes vieram de diferentes partes do mundo, mas apontam para a mesma direção: o mercado de criptoativos entrou em uma fase de maturidade regulatória, em que governos, bancos e empresas buscam equilibrar inovação e segurança em um setor cada vez mais integrado à economia global.
Banco Central desativa sistema do Drex e indica nova fase para o real digital
O Banco Central do Brasil decidiu desativar a plataforma que sustentava as etapas iniciais do Drex, o projeto de moeda digital nacional. A medida, revelada pelo Valor Econômico, encerra oficialmente a primeira fase de testes e sinaliza uma revisão estratégica na digitalização do real.
O alto custo de manutenção e as falhas na garantia de privacidade pesaram na decisão. Agora, o BC deve abrir espaço para que bancos desenvolvam suas próprias stablecoins pareadas ao real, em um modelo mais flexível e integrado ao mercado.
A nova fase do projeto, prevista para 2026, deve priorizar privacidade, interoperabilidade e governança, seguindo o movimento internacional de substituição das CBDCs por soluções privadas tokenizadas.
Polícia Federal desmantela esquema com criptomoedas que desviou mais de R$ 800 milhões
A Polícia Federal deflagrou a segunda fase da Operação Magna Fraus, considerada uma das maiores ações contra fraudes bancárias digitais já realizadas no país. O grupo investigado é acusado de desviar mais de R$ 813 milhões utilizando contas de clientes e criptomoedas para lavar dinheiro obtido por meio de golpes eletrônicos.
Com apoio da Interpol e de forças policiais da Espanha, Argentina e Portugal, a operação cumpriu 42 mandados de busca e 26 de prisão, inclusive fora do Brasil.
Foram bloqueados R$ 640 milhões em bens, apreendidos veículos de luxo, imóveis e mais de R$ 1 milhão em criptoativos. Para a PF, o caso expõe a sofisticação das redes criminosas e o papel crescente das criptomoedas na ocultação de valores.
EUA sancionam hackers e bancos da Coreia do Norte por fraudes com criptomoedas
O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos impôs sanções a oito indivíduos e duas instituições da Coreia do Norte, acusados de lavar bilhões em criptomoedas para financiar o programa nuclear do regime de Kim Jong-un.
As investigações mostraram que milhares de programadores norte-coreanos atuam disfarçados em empresas estrangeiras, usando identidades falsas para receber pagamentos em cripto e repassar fundos ao governo. Segundo o Tesouro, o esquema movimentou US$ 3 bilhões (R$ 16 bilhões) em três anos.
Entre os alvos estão o First Credit Bank, o Ryujong Credit Bank e a KMCTC, que operavam na China e na Rússia com empresas de fachada. Todos os bens sob jurisdição americana foram bloqueados, e cidadãos dos EUA estão proibidos de negociar com os envolvidos. As sanções ampliam o cerco contra o uso de criptoativos em redes ilícitas e reforçam a tentativa de conter o financiamento de programas militares com tecnologia blockchain.
Operação europeia desmantela rede que lavou mais de R$ 3,5 bilhões em criptomoedas
Na Europa, uma operação conjunta entre seis países levou à prisão de nove suspeitos de integrar uma rede que lavou € 600 milhões (R$ 3,5 bilhões) por meio de plataformas falsas de investimento em criptoativos.
A ação, coordenada pela Eurojust, contou com forças de França, Bélgica, Chipre, Alemanha e Espanha.
Os criminosos criavam sites fraudulentos que simulavam corretoras legítimas e prometiam lucros elevados. Assim que os investidores transferiam seus fundos, o dinheiro era desviado e redistribuído por meio de carteiras digitais, dificultando o rastreamento.
Durante as buscas, foram apreendidos mais de € 1,5 milhão em criptoativos e dinheiro vivo. As autoridades destacaram que o caso evidencia o crescimento dos golpes transnacionais e a necessidade de cooperação internacional para conter o avanço das fraudes financeiras digitais.