BC desativa sistema do Drex e prepara reestruturação do projeto

Segundo o Valor Econômico, decisão do Banco Central encerra primeira fase do real digital e indica nova direção para moedas estáveis emitidas por bancos.

O Banco Central (BC) decidiu desativar a plataforma que sustentava as primeiras etapas do Drex, o projeto de moeda digital brasileira. A informação foi publicada pelo jornal Valor Econômico, do Grupo Globo, e indica uma mudança de rumo na estratégia da autarquia em relação à digitalização do real. A decisão teria sido motivada pelos altos custos de manutenção e pela dificuldade em solucionar questões de privacidade nas transações. Até o momento, o BC não se pronunciou oficialmente sobre o tema.

O Drex vinha sendo testado desde 2023 como uma infraestrutura regulada semelhante às blockchains utilizadas em criptomoedas, com o objetivo de permitir a tokenização de ativos financeiros. Segundo o Valor, o desligamento da plataforma atendeu a pedidos de mercado, que apontaram a inviabilidade de seguir com a tecnologia atual devido ao custo operacional elevado.

Do Drex às stablecoins: uma virada de rota no sistema financeiro digital

Com o fim dessa etapa, o debate agora se volta às chamadas stablecoins, moedas digitais privadas pareadas a uma moeda tradicional, como o real ou o dólar, na proporção de 1 para 1. Especialistas ouvidos pelo Valor afirmam que a decisão pode abrir espaço para que instituições financeiras desenvolvam suas próprias versões dessas moedas, acelerando o avanço da tokenização no país.

Henrique Teixeira, diretor-geral da tokenizadora Hamsa para a América Latina, declarou ao Valor que a medida representa um “banho de água fria” para quem trabalhava diretamente no projeto, mas não significa o fim da digitalização financeira no Brasil. “Os bancos devem desenvolver suas stablecoins agora”, afirmou.

Nova fase deve priorizar privacidade e integração com o mercado

As discussões sobre o futuro do Drex devem continuar na chamada fase 3 do projeto, prevista para começar em 2026. Essa nova etapa será voltada a estudos sobre casos de negócio e tecnologias que conciliem privacidade e rastreabilidade das operações, mantendo a supervisão do Banco Central.

A provedora de blockchain BBChain, que participou das fases anteriores, afirmou em nota ao Valor que o piloto “cumpriu seu papel” e que o BC entendeu ser necessário evoluir para modelos mais adequados à realidade de mercado. O movimento, segundo a empresa, segue a tendência global: países como os Estados Unidos vêm restringindo o avanço das CBDCs (moedas digitais de bancos centrais) e incentivando iniciativas privadas baseadas em stablecoins.

Enquanto o Brasil ajusta sua rota, o encerramento da plataforma do Drex marca o fim de um ciclo e o início de outro. A discussão agora deixa de ser apenas sobre uma moeda digital nacional e passa a mirar um ecossistema descentralizado de ativos tokenizados, que pode redefinir o papel dos bancos na economia digital.

O conteúdo foi produzido com base em informações publicadas pelo Valor Econômico.

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