Nesta terça-feira, 16, o Google apresentou o Agent Payments Protocol (AP2), uma iniciativa que cria um padrão aberto para aproximar agentes de inteligência artificial (IA) do ecossistema de criptomoedas e blockchains. A proposta busca estabelecer uma infraestrutura confiável e interoperável que permita a esses agentes executar pagamentos autônomos em nome de consumidores, empresas e comerciantes.
Stablecoins no centro da estratégia
O grande diferencial do protocolo está na inclusão das stablecoins, ativos digitais pareados a moedas estáveis como o dólar, como meio nativo de pagamento. Segundo o Google Cloud, a blockchain garante transparência, rastreabilidade e liquidação rápida, características essenciais para que agentes de IA possam executar transações automatizadas em escala global.
A iniciativa conta com a colaboração de mais de 60 instituições, entre elas Coinbase, Ethereum Foundation, MetaMask, Mastercard, PayPal, Adyen e Mysten Labs. Redes como a Sui, conhecida pela alta performance, já foram escolhidas para testar a integração.
Como funcionam os pagamentos
O AP2 é baseado em contratos digitais criptografados, chamados mandates. Eles registram as condições de uma transação como valores, itens, prazos e regras, e podem ser usados em duas situações principais:
– Com supervisão humana: o agente encontra um produto ou serviço, o usuário revisa o carrinho e aprova o pagamento.
– De forma autônoma: o agente age sozinho dentro de limites definidos, como comprar um ingresso assim que for liberado, respeitando preço e assento escolhidos previamente.
Além disso, o protocolo gera uma trilha de auditoria que permite verificar a autenticidade e atribuir responsabilidades em caso de falhas ou fraudes.
Blockchain como infraestrutura de confiança
Ao incluir extensões como o A2A x402, o AP2 habilita pagamentos diretos via stablecoins em diferentes blockchains. Para empresas do setor, isso representa um passo decisivo para que criptoativos deixem de ser apenas uma alternativa e se tornem parte essencial da infraestrutura financeira digital.
Erik Reppel, vice-presidente da Coinbase, afirmou: “Incorporar stablecoins ao AP2 era inevitável. Pagamentos entre agentes já não são experimentos; eles estão se tornando uma realidade prática”.
Na mesma linha, Bam Azizi, CEO da Mesh, destacou: “Para que a IA realmente transforme o comércio, é preciso uma base universal e segura. O AP2 é esse avanço ao conectar agentes a blockchains e stablecoins”.
O que muda no mercado
A convergência entre IA e criptoativos pode redefinir o comércio digital nos próximos anos. Com o novo protocolo, agentes terão capacidade de:
– Executar pagamentos programáveis via contratos inteligentes.
– Reduzir custos ao evitar intermediários financeiros.
– Operar globalmente usando stablecoins como moeda comum.
– Coordenar tarefas complexas, como reservas de viagens, hospedagens e compras, de forma totalmente automatizada.
Ao mesmo tempo, surgem desafios de regulação, segurança e aceitação de mercado, já que a adoção de stablecoins em larga escala ainda depende de infraestrutura e liquidez em diferentes regiões.
Com o AP2, o Google posiciona blockchain e stablecoins como pilares do comércio autônomo, no qual agentes de IA poderão negociar diretamente entre si em nome dos usuários. Mais do que uma inovação tecnológica, a iniciativa marca uma mudança de paradigma: as criptomoedas deixam de ser apenas ativos de investimento e passam a sustentar a próxima geração de transações digitais.