Memecoins: entenda como funcionam e os riscos de investir nelas

Elas começaram como piada, mas movimentam bilhões no mercado cripto e dividem opiniões entre risco e oportunidade.

Talvez você já tenha ouvido falar em criptomoedas como o Bitcoin e o Ethereum. Mas e o Dogecoin? Ou a Shiba Inu? E o Pepe Coin? Essas são chamadas memecoins, criptomoedas inspiradas em memes ou piadas da internet que, apesar da aparência divertida, movimentam bilhões de dólares e geram muita polêmica.

As memecoins são, por definição, uma piada criada pela comunidade que as originou, explica Matheus Medeiros, CEO da Futokens. “Diferente de projetos que têm uma proposta de valor, uma memecoin é uma disputa pela atenção, pela piada ou por um movimento.”

Elas costumam nascer sem a pretensão de resolver problemas reais, como ocorre com o Bitcoin, Ethereum ou Solana, projetos que possuem um token nativo com função clara dentro de uma rede ou infraestrutura descentralizada. As memecoins, por outro lado, têm sua usabilidade restrita à especulação.

O caso mais famoso é o Dogecoin, lançado em 2013 como uma sátira ao Bitcoin. Inspirada em um meme de um cachorro da raça Shiba Inu, a moeda ganhou popularidade inesperada, especialmente após o apoio público de Elon Musk. Em 2021, o ativo chegou a bater um valor de mercado de mais de 80 bilhões de dólares.

Outra memecoin de destaque é a Shiba Inu, que surgiu como “rival do Dogecoin” e também se valorizou rapidamente. Mais recentemente, moedas como Pepe, Floki e até criações com nomes aleatórios viralizaram e movimentaram grandes volumes de negociação.

Mas por que essas moedas ganham tanta tração, mesmo sem um projeto robusto por trás? “A possibilidade de multiplicação de patrimônio atrai muita gente. A ganância para ficar rico fez de fato novos ricos, mas também levou muitos a perderem montantes relevantes”, destaca Matheus.

Apesar do nome divertido, investir em memecoins é um assunto sério. A valorização extrema pode ocorrer em questão de horas, mas a queda também. Muitas dessas moedas não têm fundamentos claros, utilidade prática nem planos de longo prazo. Elas se baseiam principalmente em narrativa, hype e especulação.

Além disso, o risco de manipulação é alto. “O principal risco é o famoso pump and dump, junto com a concentração de tokens em poucas carteiras”, alerta Matheus. “Alguns projetos são claramente armadilhas. O fundador detém uma fatia enorme da circulação e, quando o valor atinge um patamar desejado, ele despeja os tokens no mercado e derruba o preço.”

Outro ponto de atenção é o uso de figuras públicas para impulsionar artificialmente a demanda. “Vimos casos com celebridades, jogadores e até presidentes promovendo moedas que logo depois desabaram”, diz Matheus.

Apesar disso, há quem veja um futuro além da especulação. “Hoje, as memecoins são uma forma de monetizar atenção. Mas no futuro, esses tokens podem sim formar comunidades e servir como ferramentas de acesso, recompensa ou engajamento real”, analisa.

Por ora, a recomendação mais prudente é simples: se ainda assim quiser se expor, faça com consciência. Use apenas uma pequena parcela do seu portfólio e trate como uma aposta de alto risco, não como investimento sério. Avaliar o comportamento da comunidade, o volume negociado e o histórico do projeto pode ajudar a reduzir os riscos.

As memecoins também revelam um lado curioso do mercado: a força da cultura digital, da comunidade e da atenção como valor. Em um mundo hiperconectado, até um meme pode virar um ativo com liquidez global.

Mas como toda moda que explode rápido, o mais importante é entrar com consciência. Estude, desconfie de promessas fáceis e nunca coloque mais dinheiro do que está disposto a perder.

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